Praha, depois de uma viagem de seis horas e meia desde Budapeste, num comboio que tinha a Alemanha por destino, e após a confusão que sempre se gera entre os que desembarcam e embarcam e as respectivas bagagens num cais de plataforma elevada, ao ar livre, sem qualquer informação numa língua 'mais comum' e sem me restar alternativa senão seguir a corrente.
Desci escadas, não vi rampas para deficientes por onde pudesse puxar o meu 'troley' com mais facilidade, e andei por corredores subterrâneos infindáveis antes de chegar ao local em que tudo acontece, tudo o que é suposto acontecer numa estação internacional - o câmbio, o caixa automático, um balcão de agência de viagens, bilheteiras de caminho de ferro e um balcão de informações onde tentei conseguir um mapa e um táxi.
O funcionário falava alegremente ao telefone com uma expressão que denunciava não se tratar de 'serviço' e fumava... fumava... expelindo o fumo sobre os que aguardavam.
Cansado de esperar um outro turista bateu no balcão numa tentativa de atendimento e recebeu de volta uma expressão muito zangada de alguém sempre de telefone na mão.
Quando chegou a minha vez avancei um 'Taxi, please' e recebi um seco 'outside' mas eu nem sabia como chegar ao 'outside' depois de tanto corredor e da ausência de placas informativas. Ainda acrescentei 'city map, please' e tive como resposta, ainda antes de ver o mapa, não sei quantas 'coroas checas'. Alertada por um passageiro que apontava para um cartaz no balcão de informações que publicitava 'free maps' perguntei pelos tais 'free maps'. Que eram 'para quem comprava bilhete de comboio'! Desisti. Afastei-me do balcão deixando para trás o funcionário que conversava ao telefone e fumava para cima dos que pacientemente esperavam ter a resposta que não chegava.
Depois do caixa automático e de uma pequena conversa com um casal brasileiro que também se queixava de mau atendimento e dicriminação, e sempre sem mapa, encontrei o terminal dos táxis que, e ao contrário de Budapeste, não estão organizados com taxa fixa para o centro da cidade, e que deixam o turista ao sabor do taxista que até pode ser honesto mas há excepções. Circulou, circulou, circulou, e começámos a notar que já conheciamos a paisagem e que o táxi entrava numa via rápida para voltar a sair antes de entrar novamente, e depois de perguntar duas vezes 'ainda falta muito?' chegámos finalmente ao hotel.
Sabíamos estar já dentro do perímetro da parte velha da cidade, muito próximo do rio Moldava, mas o que não sabíamos é que a estação de caminho de ferro ficava a escassas centenas de metros não compatíveis com a longa viagem de táxi e a importância marcada no táximetro.
Num rápido relance o aspecto dos edíficios, escuros e degradados, deixou-nos com saudades de Budapeste, impressão que não perdurou porque no quarteirão seguinte e já com edifícios recuperados e alguns outros tapados com protecções que encobriam andaimes, Praha começava a mostrar a beleza que a habita.
Os eléctricos de Praha têm um rodado barulhento
Edifício com pintura 'tromp l'oeil'
Palácio Nacional
" TÚ ÉS PEDRO... "
Catedral
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