Era um antigo armazém de uma livraria e será o Atelier-Museu da Fundação Júlio Pomar, criada há quatro anos. Fica no número 7 da Rua Vale, em Lisboa, e graças ao projecto arquitectónico de Álvaro Siza conjugará no mesmo espaço uma sala de exposições e de trabalho, mas também uma divisão destinada a arquivo compacto e uma sala para a sua actividade enquanto escultor.
Terá dois níveis, uma das paredes poderá exibir obras a toda a altura do pé-direito, haverá uma escada, um ascensor e um pátio arborizado.
Numa das paredes que no futuro terão obras de Júlio Pomar estavam ontem em exibição os desenhos do projecto que o arquitecto Álvaro Siza concebeu para a recuperação do edifício. Ao final da manhã, numa visita guiada, Siza foi explicando detalhadamente ao presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, e a Sophie Enderlin, representante de Pomar (o pintor encontrava-se em Paris), o projecto, que foi difícil por natureza. "A recuperação é sempre muito mais difícil do que uma construção de raiz, se quisermos manter o que é o espírito do edifício", explicou. Esta "é uma construção híbrida, não é erudita". "Isso torna muito difícil encontrar o tom e a medida da intervenção a fazer: se é de mais, apinoca, fica ridículo."
"Esta rua tem uma escala de casas. Este armazém tem uma escala diferente, um grande pé-direito, magnífico, e uma distribuição regular de janelas que vamos deixar, para que no funcionamento normal entre aqui a luz de Lisboa", disse.
O arquitecto criou um espaço com "uma certa neutralidade", para que não seja impositivo.
Esta obra, um investimento de 900 mil euros, foi iniciada em Abril de 2007 e esteve "encalhada e foi preciso desencalhar" por problemas de engenharia, de contratação do empreiteiro, mas agora deverá estar terminada em Outubro. Este edifício insere-se num conjunto de espaços novos de actividade cultural de que a cidade vai beneficiar.