Margens do Douro, acrílico s/tela, 73 x 60, 2002
BALADA DO RIO DOIRO
Que diz além, entre montanhas,
O Rio Doiro à tarde, quando passa?
Não há canções mais fundas, mais estranhas,
Que as desse rio estreito de água baça!...
Que diz ao vê-lo o rosto da cidade?
Ó ruas torturadas e compridas,
Que diz ao vê-lo o rosto da cidade,
Onde as veias são ruas com mil vidas?
Em seus olhos de pedra tão escuros
Que diz ao vê-lo a Sé, quase sombria?
E a tão negra muralha à luz do dia?
E as ameias partidas sobre os muros?
Vergam-se os arcos gastos da Ribeira...
Que triste e rouca a voz dos mercadores!...
Chegam barcos exaustos da fronteira
De velas velhas, já multicolores...
Sinos, caixões, mendigos, regimentos,
Mancham de luto o vulto da cidade...
Que diz o rio além? Porque não há-de
Trazer ao burgo novos pensamentos?
Que diz o rio além? Ávido, um grito
Surge, por trás das aparências calmas...
E o rio passa torturado, aflito,
Sulcando sempre o seu perfil nas almas!...
Pedro Homem de Mello
Que diz além, entre montanhas,
O Rio Doiro à tarde, quando passa?
Não há canções mais fundas, mais estranhas,
Que as desse rio estreito de água baça!...
Que diz ao vê-lo o rosto da cidade?
Ó ruas torturadas e compridas,
Que diz ao vê-lo o rosto da cidade,
Onde as veias são ruas com mil vidas?
Em seus olhos de pedra tão escuros
Que diz ao vê-lo a Sé, quase sombria?
E a tão negra muralha à luz do dia?
E as ameias partidas sobre os muros?
Vergam-se os arcos gastos da Ribeira...
Que triste e rouca a voz dos mercadores!...
Chegam barcos exaustos da fronteira
De velas velhas, já multicolores...
Sinos, caixões, mendigos, regimentos,
Mancham de luto o vulto da cidade...
Que diz o rio além? Porque não há-de
Trazer ao burgo novos pensamentos?
Que diz o rio além? Ávido, um grito
Surge, por trás das aparências calmas...
E o rio passa torturado, aflito,
Sulcando sempre o seu perfil nas almas!...
Pedro Homem de Mello
*Para a Laerce, minha amiga das Terras do Douro.
Ora aqui está o famoso quadro que me parecia que tava no post da laerce....mas este é beeeemmm mais bonito
ResponderEliminarQuerido Mocho Falante,
ResponderEliminarfica o registo de um comentário escrito com os olhos da amizade. :)
Xi-do-coração. :)
Que lindo, Isabel!
ResponderEliminarQue cores, que movimentos levaste deste rio!Que momentos! Que palavras! Adorei!
Sim é tudo muito afectivo, mas só assim posso manisfestar o que sinto.
Obrigada pela terna dedicatória, gostei do epíteto. Sem dúvida, este é sempre o meu ponto de partida.
Um beijinho, dois beijinhos.
Viva Isabel,
ResponderEliminarOra ai está...uma das belas vistas das margens do Douro!...;)saudações das tais.:)
Que belo vinho do Porto dariam as tuas cores. Gostei e gostei de reler Pedro Homem de Melo
ResponderEliminarLaerce,
ResponderEliminareu é que agradeço as palavras e a tua assiduidade.
Apesar de ter esta tela em casa, já não me lembrava dela. Lembrei-me ao ver o teu post... aliás, antes de visionar toda a imagem, pensei tratar-se mesmo da minha tela. :)
Um beijinho para ti.
Viva Musqueteira,
ResponderEliminarpois muito obrigada pela sua visita...
a sua presença aqui é muito querida, como bem sabe. :)
Saudações das tais!
Olá Helena,
ResponderEliminareu sou leitora da poesia de Pedro Homem de Mello, mas parece-me que andamos um bocado esquecidos do Poeta.
Um abraço. :)
Isabel,
ResponderEliminarcores quentes, da terra, outonais como o dia de hoje que inicia esta belissima estação.
e o azul do rio/céu.
beijinho.
Musalia,
ResponderEliminara leitura que fazes do que eu exponho é sempre muito exacta...
são, na realidade, as cores quentes das terras do Douro e o azul, com laivos de roxo, as águas do rio e a simbologia do vinho. Quanto ao amarelo, é o sol que amadurece as vinhas.
Beijinho, bom fim de semana.
Olá Isabel
ResponderEliminarÉ só para dar um sinal de vida e dizer que esta tela é lindíssima.
E a escolha do poema... perfeita.
Obrigado.
Beijinhos
João
Meu querido João,
ResponderEliminarque saudades! Como vai a vida? Espero notícias tuas...
Até breve e beijinhos.
nunca consegui...talvez nunca mesmo chegue a conseguir...lindo! adoro Rothko...:)
ResponderEliminarteresa almeida rocha
Teresa,
ResponderEliminarcuriosamente, não associo este trabalho a Mark Rothko... não ao Rothko que vi em N.Y. no MOMA, mas a um Mestre português, do Porto, e cujo trabalho só conheci no natal de 2004, de seu nome Jaime Isidoro.
Até aqui deixei trabalhos dele e meus, com as respectivas datas... :)
Não conheço Jaime Isidoro mas abriste-me a janela de Rothko...beijo:) Teresa
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