"A aldeia da montanha envolta en névoa", pintura de Eitoku, época Muromachi, obra que evidencia claramente o estilo zen em pintura onde as formas se reduzen ao mínimo e os traços são também difusos. Procura-se, assim, sugerir o vazio ou o todo que rodeia o fim ou limite das formas.
Foto: http://www.temakel.com/ensayobzenartejapon.htm
A PINTURA ZEN
A seita budista conhecida na China por Ch’an e no Japão por Zen foi o único ramo da fé budista a exercer uma profunda e duradora influência na pintura. A doutrina, trazida para a China no século VI por um monge indiano chamado Bodhidharma, era diferente da doutrina de todas as outras seitas, na medida em que negava absolutamente o valor dos templos, das imagens e escrituras, dos rituais, e até da própria doutrina, como meios auxiliares da obtenção da iluminação. Bodhidharma, o Primeiro Patriarca, ensinava que Buda devia ser encontrado, se encontrado viesse a ser, na alma do homem, e através da verificação desta verdade dentro de si próprio um indivíduo podia atingir o conhecimento da “essência de Buda”, que está presente em todas as coisas, animadas e inanimadas.
Depois de Bodhidharma, o budismo Zen cindiu-se em duas escolas rivais. A escola “nortista” fundada por outro monge indiano, Budhapriya, reivindicava que a verdade pode ser atingida através dos caminhos convencionais da disciplina e do estudo; a “sulista”, da qual fazia parte o Quinto Patriarca, Hui Neng, na qualidade de chefe principal, negava a validade destes meios, insistindo em que a iluminação provinha subitamente de si mesma e penetrava na mente despida de todas as impurezas intelecuais. A escola “nortista” corrompeu-se mas a “sulista” conservou o puro ensinamento de Bodhidharma e Hui Neng, vindo a tornar-se uma fonte de profunda inspiração para pintores, especialmente para os de tradição erudita.
Determinados artistas, considerando que os métodos ortodoxos já não estavam à altura das suas necessidades, começaram a experimentar técnicas tão ousadas e excêntricas como as dos modernos expressionistas abstractos. O clarão da iluminação Zen, impossível de comunicar por palavras, poderia manifestar-se no gesto expontâneo do pincel do pintor, e cada pintura destes mestres era uma revelação do próprio eu, carregada de sentido no próprio acto de pintar.
Os sectários de Zen, aqueles que eram somente teóricos, defendiam que qualquer pintor que exprimisse os seus momentos de iluminação com expontaneidade absoluta actuava no verdadeiro espírito de Zen.
A seita budista conhecida na China por Ch’an e no Japão por Zen foi o único ramo da fé budista a exercer uma profunda e duradora influência na pintura. A doutrina, trazida para a China no século VI por um monge indiano chamado Bodhidharma, era diferente da doutrina de todas as outras seitas, na medida em que negava absolutamente o valor dos templos, das imagens e escrituras, dos rituais, e até da própria doutrina, como meios auxiliares da obtenção da iluminação. Bodhidharma, o Primeiro Patriarca, ensinava que Buda devia ser encontrado, se encontrado viesse a ser, na alma do homem, e através da verificação desta verdade dentro de si próprio um indivíduo podia atingir o conhecimento da “essência de Buda”, que está presente em todas as coisas, animadas e inanimadas.
Depois de Bodhidharma, o budismo Zen cindiu-se em duas escolas rivais. A escola “nortista” fundada por outro monge indiano, Budhapriya, reivindicava que a verdade pode ser atingida através dos caminhos convencionais da disciplina e do estudo; a “sulista”, da qual fazia parte o Quinto Patriarca, Hui Neng, na qualidade de chefe principal, negava a validade destes meios, insistindo em que a iluminação provinha subitamente de si mesma e penetrava na mente despida de todas as impurezas intelecuais. A escola “nortista” corrompeu-se mas a “sulista” conservou o puro ensinamento de Bodhidharma e Hui Neng, vindo a tornar-se uma fonte de profunda inspiração para pintores, especialmente para os de tradição erudita.
Determinados artistas, considerando que os métodos ortodoxos já não estavam à altura das suas necessidades, começaram a experimentar técnicas tão ousadas e excêntricas como as dos modernos expressionistas abstractos. O clarão da iluminação Zen, impossível de comunicar por palavras, poderia manifestar-se no gesto expontâneo do pincel do pintor, e cada pintura destes mestres era uma revelação do próprio eu, carregada de sentido no próprio acto de pintar.
Os sectários de Zen, aqueles que eram somente teóricos, defendiam que qualquer pintor que exprimisse os seus momentos de iluminação com expontaneidade absoluta actuava no verdadeiro espírito de Zen.
Michael Sulivan, Professor de Arte Asiática, Colégio de Estudos Orientais e Africanos, Universidade de Londres.
fixei o olho na ponte, e gostei
ResponderEliminarexcelente....excelentérrimo post.
ResponderEliminarbom dia Isabel.
e obrigado.
jp;
ResponderEliminareu também! :)
obrigada pela visita.
Viva Isabel,
ResponderEliminarEu é que agradeço a sua visita...
É sempre bom saber que os posts agradam. :)
Outro beijinho.
Isabel,
ResponderEliminarQuem diria que também por lá houve cisões. Interessante a posição do norte, o trabalho, a disciplina...mas o que prevaleceu foi a teoria do sul.
Gostei muito.
Um beijinho
Laerce,
ResponderEliminargrata pela tua apreciação.
A ocidente tb há essa divergência de critérios entre os 'académicos' e os 'outros'.
Sobre o assunto hei-de postar uma carta de Max Ernst escrita no início do século XX.
Um beijinho. :)
obrigado eu, que este blog é muito bom
ResponderEliminar:-)