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sexta-feira, julho 30, 2004
O CONTO DO VIGÁRIO
quinta-feira, julho 29, 2004
O POINTER
"O Pointer está para os cães de parar como um Ferrari para os automóveis." Representa a essência do cão de parar britânico mas as suas origens são continentais, sendo provavelmente descendente de Bracos Ibéricos levados para a Grã Bretanha no início do século XVIII por caçadores da nobreza. Os cruzamentos sucessivos num sistema de consanguinidade muito acentuada, com frequente troca de genitores, deu rapidamente origem a uma raça única de Pointers bastante homogénea. Especialistas incontestados das grandes extensões, estes cães destinavam-se à caça da perdiz e do grouse. "Demasiado rápido", "incontrolável", segundo uns, mas na verdade não merece essa reputação. O Pointer caça velozmente e longe mas é uma das mais excepcionais "máquinas de caçar". É dotado de um faro inigualável e de meios físicos impressionantes e na maioria dos casos, um maravilhoso descobridor de caça. É elegante, robusto, nervoso, bem constituído. De carácter brando, aceita bem o adestramento desde que este não tente fazer dele um cão lento e de caça sob arma. A sua inteligência permite-lhe adaptar-se a diferentes tipos de caça, desde que se lhe deixe espaço suficiente para desenvolver a sua busca. O seu caracteristico porte de cabeça acima da linha do dorso, permite-lhe captar a mais pequena emanação trazida pelo vento, mesmo a grande distância. A sua "paragem" é impressionante uma vez que não retarda a marcha ao sentir a emanação de uma peça. Pára simplesmente a alta velocidade e "petrifica" numa atitude de tal forma dominadora que bloqueia a caça. O Pointer é um aninal bem-disposto, amigável e excelente companheiro em casa, mesmo em apartamento. Contudo, tem uma enorme necessidade de exercício diário e treino regular de corrida com bom ou mau tempo, para que se mantenha saudável. Pelagem: Pêlo curto e fino, de distriuição uniforme; completamente liso e muito brilhante. Cor: As cores mais comuns são limão e branco, laranja e branco, fígado e branco e preto e branco. As pelagens uniformes ou tricolores também são aceites. Tamanho: Altura na espádua nos machos 63 a 69 cms; nas fêmeas 61 a 66 cms. |
quarta-feira, julho 28, 2004
CTT
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sexta-feira, julho 23, 2004
quinta-feira, julho 22, 2004
AO LUME
Nem sempre o homem é um lugar triste. Há noites em que o sorriso dos anjos o torna habitável e leve: com a cabeça no teu regaço é um cão ao lume a correr às lebres. Eugénio de Andrade |
quarta-feira, julho 21, 2004
ECCE HOMO
Desbaratamos deuses, procurando
Um que nos satisfaça ou justifique. Desbaratamos esperança, imaginando Uma causa maior que nos explique. Pensando nos secamos e perdemos Esta força selvagem e secreta, Esta semente agreste que trazemos E gera heróis e homens e poetas. Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo Malhando-nos a carne, até que em brasa Nossos sexos furiosos se confundam, Nossos corpos pensantes se entrelacem E sangue, raiva, desespero ou asa, Os filhos que tivermos forem nossos. José Carlos Ary dos Santos |
quarta-feira, julho 14, 2004
21.
Já esquecidos do som da nossa voz.
Sobreviventes da cidade erguida
de costas para a foz.
Viemos de tão longe pela areia
que há algo de alga a nos prender os pés.
A paisagem de gestos encontreia-a
nas palmeiras à beira das marés.
Vemos passar a migração de patos
bravos e breves a rasar a água.
Já levantámos voo tantas vezes
que em nós só o olhar é que viaja.
Arremessada à praia do teu corpo
descanso então do grito da chegada:
descobrimos que o sol não estava morto
só estava posto e rasga a madrugada.
Pode parar o fio do pensamento
a corrida do medo contra o sono.
Bebo afinal o copo do silêncio
que faz calar o vento no teu ombro.
Rosa Lobato de Faria
in As Pequenas Palavras
terça-feira, julho 13, 2004
Ontem...
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uma qualquer eminência parda do pcp disse no telejornal da noite: - "Seja qual for o programa de governo do Primeiro Ministro Pedro Santana Lopes, o pcp vai vetar".
É urgente que... alguma alma caridosa, esclareça a criatura que o País está primeiro que o partido.
AQUI
Aqui
Nem sei porquê
Insisto
escrevo
Caminhos cruzados
palavras a esmo
Face obscura
por vezes
indecisa
de mim mesmo
que ora se enternece
e logo se apavora
com a inevitável marcha
para o fim
Sem saber sequer
se tu és longe
ou se sou eu,
cada vez mais,
longe de mim
Fernando Perdigão
Julho 2004
domingo, julho 11, 2004
CREPÚSCULO
É quando um espelho no quarto,
se enfastia;
quando a noite se destaca
na cortina;
quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
quando a força de vontade
ressuscita;
quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
É quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra
despedida.
David Mourão-Ferreira
in Os Quatro Cantos do Tempo
[1953-1958]
sábado, julho 10, 2004
O PAÍS...
sexta-feira, julho 09, 2004
De Um CD...
O MUNDO AO CONTRÁRIO
Tim Xutos & Pontapés
Onde vais?
Perguntas tú
Ainda meio a dormir
Não sei bem
Respondo eu
Sem saber o que vestir
Porque sais?
Ainda é cedo
E tu não sabes mentir
Nem eu sei
Só sei que fica tarde
E eu tenho de ir
Bem, depois
De estar na rua
Instalou-se uma dor
Por nós dois
Talvez sair
Tivesse sido o melhor...
Se assim foi
Porque me sinto eu
A morrer de amor?
Tenho a noite a atravessar
Dói-me não ir
Mas não me deixas voltar
Se gosto de ti
Se gostas de mim
Se isto não chega
Tens o mundo ao contrário
quinta-feira, julho 08, 2004
MINUTO
O amor? Seria o fruto
trincado até mais não ser?
(Mas para lá do prazer
a Vida estava de luto...)
Fui plantar o coração
no infinito: uma flor...
(Mas para lá do fervor
a Vida gritou que não!)
O amor? Nem flor nem fruto.
(Tudo quanto em nós vibrara
parecia pronto a ceder...)
Foi apenas um minuto:
a fome intensa, tão rara!,
de ser criança, ou morrer...
David Mourão-Ferreira
in A Secreta Viagem
[1948-1950]
quarta-feira, julho 07, 2004
1.
Quero dar-te a coisa mais pequenina que houver
bago de arroz grão de areia semente de linho
suspiro de pássaro pedra de sal
som de regato
a coisa mais pequena do mundo
a sombra do meu nome
o peso do meu coração na tua pele.
Rosa Lobato de Faria
in As Pequenas Palavras
terça-feira, julho 06, 2004
Teoria das Marés
Calidamente nua,
sob o vestido leve,
tua carne flutua
no desejo que teve.
Timidamente nua,
revelas, num olhar,
em minhas mãos, a lua
que te fez oscilar.
David Mourão-Ferreira
in A Secreta Viagem
[1948-1950]
segunda-feira, julho 05, 2004
TESTAMENT
Un bleu céruleum pour voler haut
Un bleu cobalt pour le bonheur
Un bleu d’outremer pour stimuler l’esprit
Un vermillon pour faire circuler le sang allègrement
Un vert mousse pour apaiser les nerfs
Un jaune d’or : richesse
Un violet de cobalt pour la réverie
Un garance qui fait entendre le violoncelle
Un jaune barite : science-fiction, brillance, éclat
Un ocre jaune pour accepter la terre
Un vert Véronèse pour la mémoire du printemps
Un indigo pour pouvoir accorder l’esprit à l’orage
Un orange pour exercer la vue d’un citronnier au loin
Un jaune citron pour la grace
Un blanc pur : pureté
Terre de Sienne naturel : la transmutation de l’or
Un noir somptueux pour voir Titien
Une terre d’ombre naturel pour mieux accepter la mélancolie noire
Une terre de Sienne brûlée pour le sentiment de durée
VIEIRA DA SILVA – (13/VI/1908 – 6/III/1992)
domingo, julho 04, 2004
A Vergonha!
sábado, julho 03, 2004
VI
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...
Alberto Caeiro
in POEMAS
sexta-feira, julho 02, 2004
DERIVA
Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
Sophia de Mello Breyner Andresen
1919-2004