domingo, julho 03, 2005

MARÉ VAZA

ISABEL MAGALHÃES

MARÉ VAZA
2001
85 X 60 cms
Acrílico sobre tela


Coleção Particular


TEORIA DO SUL

Folheia-se o caderno e eis o sul. E
o sul é a palavra. E a
palavra des-
do-
bra-
-se
no espaço com suas letras de
solstício e de solfejo. Além
de ti. Além do Tejo.

Verás o rio. E talvez
o azul. Não
o de Mallarmé: soma de branco
e de vazio.
Mas aquela grande linha onde o abstracto
começa lentamente a ser o
sul.

Manuel Alegre

15 comentários:

  1. aqui, já o dourado se mistura aos tons marinhos e a luz transmuta os reflexos da água e do céu em prateados espelhados na areia.

    beijinhos, Isabel.

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  2. Gostei da tela. Gostei do poema.

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  3. Musalia,

    Primeiro, um pedido de desculpas... por ter deixado o post a meio. :)
    Depois, os meus agradecimentos pelas palavras escritas sobre a minha tela e que tão bem se inserem nas letras do Poeta Manuel Alegre.

    Um beijinho, minha amiga.

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  4. Olá Isabel,

    Obrigada por me dares a ver outro trabalho teu.

    Um beijinho.

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  5. Viva Isabel,
    O sul espreita...ao longe entre as dunas amarelas tórridas do deserto;)

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  6. Laerce,

    Obrigada eu, por me visitares. :)

    Bjinho.

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  7. viva Musqueteira,

    E que a beleza das dunas do deserto perdure para lá da sua magia e dos mistérios dos povos que as habitam.

    Um abraço e as nossas do costume. :)

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  8. Sou eu de novo, vim aqui noutro saltinho agradecer a tua visita e as tuas palavras tão simpáticas ...

    Fiquei deslumbrada com a tela, percebi que era "tua", que nasceu das tuas mãos ... e o que eu gostei !!!!

    Muitos parabéns pela tua sensibilidade, e pela escolha do grande Manuel Alegre.

    Que bom teres entrado na minha casquinha !!!! Volta sempre !!!!

    Adorei o beijo "liso" !!!!

    Beijo Encaracolado !!!! ~:o)

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  9. Muito bonito, mas já é banal dizer-te isto, mas até agora é o tenho sentido.

    Abraço ternurento e esta maré vaza dá-me q pensar. Em mim. E a tua constipação? Estás melhor?

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  10. "Pergunto ao vento que passa
    notícias do meu país
    e o vento cala a desgraça
    o vento nada me diz.

    Pergunto aos rios que levam
    tanto sonho à flor das águas
    e os rios não me sossegam
    levam sonhos deixam mágoas.

    Levam sonhos deixam mágoas
    ai rios do meu país
    minha pátria à flor das águas
    para onde vais? Ninguém diz.

    Se o verde trevo desfolhas
    pede notícias e diz
    ao trevo de quatro folhas
    que morro por meu país.

    Pergunto à gente que passa
    por que vai de olhos no chão.
    Silêncio -- é tudo o que tem
    quem vive na servidão.

    Vi florir os verdes ramos
    direitos e ao céu voltados.
    E a quem gosta de ter amos
    vi sempre os ombros curvados.

    E o vento não me diz nada
    ninguém diz nada de novo.
    Vi minha pátria pregada
    nos braços em cruz do povo.

    Vi minha pátria na margem
    dos rios que vão pró mar
    como quem ama a viagem
    mas tem sempre de ficar.

    Vi navios a partir
    (minha pátria à flor das águas)
    vi minha pátria florir
    (verdes folhas verdes mágoas).

    Há quem te queira ignorada
    e fale pátria em teu nome.
    Eu vi-te crucificada
    nos braços negros da fome.

    E o vento não me diz nada
    só o silêncio persiste.
    Vi minha pátria parada
    à beira de um rio triste.

    Ninguém diz nada de novo
    se notícias vou pedindo
    nas mãos vazias do povo
    vi minha pátria florindo.

    E a noite cresce por dentro
    dos homens do meu país.
    Peço notícias ao vento
    e o vento nada me diz.

    Quatro folhas tem o trevo
    liberdade quatro sílabas.
    Não sabem ler é verdade
    aqueles pra quem eu escrevo.

    Mas há sempre uma candeia
    dentro da própria desgraça
    há sempre alguém que semeia
    canções no vento que passa.

    Mesmo na noite mais triste
    em tempo de sevidão
    há sempre alguém que resiste
    há sempre alguém que diz não."

    (Poema de Manuel Alegre)

    Perdoa a extensão do meu comentário, mas este poema diz-me tanto, que resolvi colocá-lo aqui.
    Grata pela partilha.
    Um abraço ;)

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  11. Caracolinha,

    como diz a Maria Sobral Mendonça, "uma tela... é uma tela... é uma tela". E eu digo que essa tela é o reduto dos sentimentos que povoavam a alma do pintor enquanto a pintou. :)
    Esta tela já voou... habita a casa de alguém que a escolheu, que a respira no seu dia a dia.
    O Manuel Alegre é um dos meus Poetas e partilho com ele sentimentos que se prendem com o nosso património arquitectónico.
    Quanto ao resto, obrigada eu, por também me visitares.

    Beijinho "liso"! :)

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  12. minha querida Vague,

    esta carangueja adora as "banalidades" ditas com a voz da amizade.

    "Maré Vaza" é um termo que eu acho de uma enorme poesia e também porque o mar me corre na alma e no coração.

    A minha constipação que não era... está melhor, obrigada. Foi uma horrorosa crise de rinite que me deixou KO. :)

    Um abraço. Votos de dia bom.

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  13. Menina_marota,

    nada a perdoar, a porta está sempre aberta e quem transcreve Manuel Alegre é sempre bem-vinda. Também consta que o Blogger não cobra à linha! :))

    Um abraço, e obrigada eu!

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