segunda-feira, janeiro 30, 2006

o poder da arte

HUNDERTWASSER
primeira pele: a epiderme


Nasce em 1928. Filho único de mãe judia e pai ariano, a sua característica de "meio-meio" poupar-lhe-á a vida bem como a de sua mãe, mas os nazis exterminarão toda a sua família materna.

As mudanças do seu estado civil testemunham bem o seu fascínio inato pelas irregularidades não dominadas que engendram as felicidades do acaso. O sobrenome Hundertwasser, que ele tornou célebre nos quatro cantos do mundo não é o seu verdadeiro nome. O seu nome de registo é Friedrich Stowasser. E é justamente em 1949 que ele adopta o nome de Hundertwasser. "Sto" significa cem (Hundert) em russo e em todas as línguas eslavas. Des anos mais tarde, descobre que "Sto" poderia ter origem no qualificativo "Steh" ou "Stau": Stauwasser, água parada: Tinha portanto germanizado impropriamente o seu nome... Mas que importa, Hundertwasser soa bem, sublinha a atracção que o vocábulo "água" exerce em todas as línguas, a água à potência cem. Em 1961, ano que passou no Japão, Hundertwasser altera o seu nome próprio para Friederich depois para Friedreich. Em 1968, em Veneza, onde vive suspenso do seu barco, faz nova amálgama: Friedensreich (reino da paz) Hundertwasser Regentag (dia de chuva) passará a ser o seu nome completo, Hundertwasser entre o reino da paz e o dia de chuva: a paz e a chuva, dois estados de graça. Mais recentemente um outro nome veio juntar-se aos restantes: Dunkelbunt (cores vivas, um pouco tristes, como animadas por um clarão vindo das profundezas: uma reminiscência das flores do herbário da sua infância?).

Em HUNDERTWASSER a Arte e as convicções andam a par. O pintor, o teórico-construtor e o higienista social partilham a mesma pele.

Foto: "Discurso Nu"
Galeria Hartmann, Munique 1967

8 comentários:

  1. Muito interessante. Não conhecia este pintor.

    Felicito-a pelo seu blog e pela divulgação que faz da pintura contemporânea com suporte de bons documentos.

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  2. A.S.

    Não identifico as suas iniciais mas agradeço o comentário.

    Espero que continue a 'visitar-me'. :)

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  3. Estamos sempre a aprender neste "À rédea solta" é o que é... mais um que não fazia a minima quem era

    obrigado por mais uma lavagem cultural

    Beijocas doces claro está

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  4. Cara Isabel
    esse artista poderia muito bem estar a fazer uma campanha contra as pessoas que usam casacos feitos com peles de animais em vias de extinção... Em POrtugal são as pessoas que já começam a nascer menos, será alguma indirecta para a nossa taxa de fecundidade e de natalidade...

    Cumprimenta
    rui paula de matos

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  5. Querido Mocho,

    Vamos postando umas coisas para justificar o blog. :)))

    Beijões.

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  6. Caro Rui,

    Tb sou das que se opõem ao uso de peles de animais em vias de extinção e de outros criados para esse fim específico.

    Lembro-me sempre de uma óptima frase dos anos 70, dos que lutavam pelos direitos dos animais:

    "It takes fifty animals to make a coat and only one beast to wear it"!

    Quanto ao decréscimo da natalidade cá no burgo, sei que sim... e estou, mentalmente, a enumerar uma série de razões. :)

    Obrigada por me ter dado o prazer da sua visita.

    Um abraço.

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  7. Interessante a história deste senhor, as transformações, o nome devia ser apenas um dos lados. Foi ele então que criou aquele trabalho entre o cor-de-rosa e o vermelho,,não é?

    Posou nu para a fotografia ou nem posou, anda mesmo assim?...com este frio!

    Um beijinho

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  8. Laerce,

    Não tenho net desde a manhã. Estou num HealthClub porque esta coisa é viciante... :)))

    No livro o Hundertwasser aparece várias vezes em 'nu integral' sempre a manifestar-se por ou contra qq coisa, mas eu achei por bem, cortar um bocado à foto, "à cause"... :)))

    No próximo post, abordarei a segunda pele - o vestuário, e vais certamente achar um piadão. Pode ser que a moda pegue, com a crise que por aí anda. :)

    Ah! sim, é o pintor do cor-de-rosa quase vermelho.

    bj.

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